MUDE - Abaixo as fronteiras! Vivam o design e as artes

Abaixo as fronteiras! Vivam o design e as artes - Pátio da Galé, Lisboa

09 Jun. 2016 > 07 Set. 2016

Curadoria
Bárbara Coutinho

Assistente de Curadoria
Raquel Santos

Design Expositivo
Luís Saraiva

Design Gráfico
Paula Guimarães

Duas capacidades inatas do homem, desenvolvidas desde tempos milenares em resultado da sua necessidade de compreender, organizar, transformar, interpretar ou sublimar o mundo natural e a realidade envolvente. Desde os primeiros bifaces ou das pinturas e gravuras rupestres que o homem demonstra uma inteligência prática que associa o pensamento abstrato e a habilidade manual, trabalhando a relação entre a imaginação e o desenho. Ao mesmo tempo que é sensível à beleza e à qualidade formal dos objetos e espaços por si criados, tem necessidade de expressar a sua subjetividade e procurar o sentido da própria existência, transcendendo-se.

A coabitação entre as artes plásticas e as artes decorativas (realidade de onde se emancipa o design) foi uma realidade até que a necessidade de categorizar e sistematizar o conhecimento levou à edificação de fronteiras que transmitissem segurança. Isto fez com que se distinguisse o sentido do belo e o valor contemplativo da arte da acepção utilitária e funcional do design. Porém, muito embora com diferentes intenções e finalidades, as artes e o design sempre tiveram múltiplas interseções, partilhando referências e influenciando-se mutuamente. Os caminhos percorridos quer pelo design quer pelas artes plásticas desde a década de 1960 fizeram com que estes conceitos fossem sendo dilatados e as zonas de fronteira voltassem a ficar diluídas. Enquanto os artistas colocaram em causa as convenções artísticas ao abordarem novas temáticas e abraçaram outras linguagens e materiais, o design foi ganhando um valor conceptual, poético e comunicacional, o que fez com que os objetos fossem considerados pela sua expressividade, e não somente pela sua utilidade.

A exposição Abaixo as Fronteiras! Vivam o Design e as Artes olha comparativamente para os espólios do MACE e do MUDE, escapando a um discurso histórico ou a uma linearidade cronológica, para desenvolver uma leitura mais transversal, problematizante e aberta. Preferimos explorar uma perspetiva mais formalista, encontrando temas e referências comuns a ambas as disciplinas, procurando estimular outras leituras por parte dos visitantes. Em Lisboa a seleção incide sobre autores e obras que trabalham os conceitos de objeto, espaço e arquitetura. Em Elvas, as peças traduzem a influência da pintura e caracterizam-se por uma atenção particular com a composição, o desenho, a expressão do gesto e o trabalho da cor, para além de reinterpretarem a tradição do retrato e da paisagem. Em alguns casos, têm como única referência a própria pintura e a sua história. Em outras situações, remetem para o cinema, a fotografia, a televisão ou a publicidade.

Em lugar de classificar ou discriminar, apresentamos trabalhos com uma natureza interdisciplinar que nos fazem emocionar e interrogar o mundo que nos rodeia, convidando a uma reflexão sobre o próprio objeto, a sua existência, estatuto e dimensão na cultura material, desvendando outros níveis de significação.

Autores representados: