Cenógrafo, figurinista e artista plástico, António Lagarto (Trafaria 1949) é autor de uma vasta obra que inclui a fotografia e o cinema, o design e a ilustração, o design expositivo e a arquitetura de interior. Escultor de formação e mestre em Environmental Media, António Lagarto começa por explorar os territórios da performance e da instalação. Em 1978, depois de desenhar o espaço cénico para Ninguém (adaptação de Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett), inicia um percurso de mais de 30 anos no qual tem vindo a criar cenografias e figurinos para teatro, dança, ballet e ópera, colaborando com Ricardo Pais, Jorge Lavelli, Fernanda Lapa, Cucha Carvalheiro, João Grosso, Nuno Carinhas, Paulo Ribeiro, Olga Roriz ou Vasco Wellenkamp, entre muitos outros.
De Matriz a Bela Adormecida dá a conhecer o trabalho de António Lagarto como figurinista, apresentando uma seleção de quase 300 peças (vestuário, adereços de cabeça, joias e sapatos) que foram vestidas por alguns dos mais importantes atores, atrizes e bailarinos para corporalizarem várias figuras do universo dramatúrgico nacional e internacional. Para uma plena visualização do universo estético de António Lagarto e do modo como trabalha espaço, matéria, corpo e luz, a curadoria e o design expositivo são também assinados por si. O resultado é uma instalação organizada em torno de seis hipotéticos núcleos:
I Prólogo (Anjo) |Introdução (Ficções)
II Super Heróis
III Outras Figuras
IV Tutus e Elfos
V Mitos Contemporâneos
VI O Belo e o Efémero
Nesta primeira incursão pelo universo do teatro e da dança, sublinhamos a importância do figurino na caracterização de cada personagem e no espetáculo final. No espaço expositivo, sem o corpo que lhe dá vida e movimento, e longe do cenário com o qual dialoga e interage, cada figurino passa pela “prova de fogo” de ser avaliado exclusivamente pela qualidade dos materiais, corte e confeção. No caso dos figurinos de António Lagarto, evidencia-se a grande visualidade de cada proposta, a mestria do corte, a esmerada e requintada escolha dos materiais e uma obsessiva busca pela perfeição. Cada peça é ainda exemplar do seu vasto universo de referências, em particular da pintura e da história de arte, e da coerência e consistência do seu trabalho.